segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A Fanny e o Dick

A Fanny e o Dick eram outro casal da quinta. A Fanny era uma atleta, meiguinha, ultimamente porque quando chegou à quinta mordia a todos, excepto a mim e à minha Mãe, talvez tivesse esta atitude porque tinha sido abandonada e agora, que tinha um lar, não queria perde-lo e achava que devia impor-se. Será?
Não mordia em nós (em mim e na minha Mãe) porque não lhe dávamos hipótese, quando abria a boca nós pregávamos-lhe um beijinho e ela desistia. Vencemo-la com carinho.
Era muito inteligente e logo que ouvia os meus donos repreenderem algum animal ela defendia-os (aos meus donos) imediatamente e não era preciso alterarem o tom de voz. Ela trazia todos nós direitinhos porque, ao mínimo descuido ela agia. Era uma cadela de guarda, atenta, viva e muito ágil, conseguia saltar um muro de 2,30 de altura, de baixo para cima.
A Fanny era ciumenta, sem dúvida mas amiga. Nós adorávamo-la. Era independente, tinha uma personalidade vincada e fazia o que lhe apetecia. Um dia, o primeiro dia de caça do ano passado,  lembrou-se de sair da quinta e...nunca mais voltou. Não sabemos o que lhe aconteceu e ainda hoje os meus donos a procuram. Ninguém consegue esquecer a Fanny.
 
Adorava brincar com paus ou bolas

O Dick e ela na brincadeira

 
O Dick foi para a quinta fez agora, em Setembro, dois anos, tinha apenas seis meses. A ex-dona não podia tê-lo em casa, ouvi dizer que vivia num apartamento, e procurava um novo dono para ele. A minha dona soube e foi busca-lo. A ex-dona nunca mais quis saber dele mas, ele é feliz e adora o dono, não o larga um segundo. No princípio era preciso lembrarem-no que tinha que comer, ele esquecia-se, só para não deixar o dono sozinho. Somos amigos e costumamos ir juntos passear com o meu dono pela quinta. Também ele sente saudades da Fanny. Eu ainda espero vê-la ao portão da quinta.
A vida é feita de momentos felizes mas, também, há momentos de muita tristeza que precisamos superar, nem que para isso nos agarremos à esperança, que é a última a morrer.
Brown Maria

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os Dálmatas


Hoje, como prometi há dias, vou falar do meu amigo Picasso, um belo exemplar da raça. Ele foi para a quinta para acasalar com a Lira, depois voltaria para o dono mas, quando chegou à sua antiga casa, o dono mostrou vontade em se desfazer dele, por isso, voltou para a quinta onde aprendeu a ser livre. Viveu, não sei quantos anos, preso a um atrelado, tinha as unhas enormes e quando se viu livre, como não sabia viver em liberdade, corria e saía da quinta constantemente. Um dia causou estragos numa viatura que passava na estrada e a partir daí, aprendeu a lição e nunca mais saiu. Vai apenas marcar o território perto do portão e entra imediatamente. Está velhinho, surdo, cego e tem imensas dores nos ossos, penso que se deve à vida que levou, anos preso a um atrelado. É feliz, brincalhão e já não se zanga quando está a comer, quando chegou à quinta o meu dono ou dona não podiam chegar perto dele quando estava a comer, ele ameaçava morder, mania que perdeu passado poucos dias de lá estar. Vive na quinta há alguns dez anos e todos o adoramos. 
 
 O Picasso

A Lira (morreu este ano com cancro)
 
 
Os dois num carnaval numa escola do norte,  o tema foram os 101 Dálmatas. Eles adoraram e os meninos também. Faziam um lindo casal. Há por aí filhotes deles que os meus patrões deram, a maior ninhada da Lira foram 19 filhotes, deram, não venderam porque eles dizem que nós, animais, não somos mercadoria.
O Picasso é o mais mimado da quinta porque, dizem os meus patrões, é velhinho e por isso precisa de muito mais miminho e, além disso, teve uma vida difícil até ali chegar.
Brown Maria
 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A Crise NÃO É DESCULPA



 Eles não precisam de brinquedos caros para serem felizes.


Só precisam de um lar, de alguém que os adopte,  quem os abandone há muito.


No dia 11 de Agosto ouvimos, à porta de casa miar. Os meus donos trataram logo de averiguar o que se passava, não há gatos na quinta, de vez em quando aparece um que procura caça mas, apenas isso. Pacientemente aguardaram que o dono daquele miar perdesse o medo e aparecesse mas, afinal não era apenas um, eram três, três lindos gatinhos, com dois meses, talvez, abandonados, pedindo comida e carinho.

Os meus donos já há muito tinham pensado adoptar um gatinho, quinta sem um miar não é quinta, mas tinham receio que o Picasso, o macho Dálmata, corresse com ele ou pior, o matasse. Um dia vou contar a história do Picasso, adoptado também.

Pensaram e nunca se decidiram mas, agora,  havia que tomar uma atitude, não havia tempo para pensar. Os meninos eram super meigos e estavam cheios de fome. Acolheram a ninhada, deram-lhes comida, mimo, colocaram um recipiente com areia para fazerem as necessidades, que eles utilizaram imediatamente e deram-lhes água. Observaram que os meninos tinham vivido num apartamento, gato criado no campo não faz as necessidades em recipiente, faz ao ar livre.
Resumindo: Alguém, (será alguém?), tinha abandonado ali os bebés, ali porque imaginaram que, onde há muitos cães há gente que ama os animais? Saberiam que seriam adoptados os três?
Quem abandona não se importa com o futuro porque, se fosse assim, não abandonaria.

A crise é desculpa? Não. Não há crise só para alguns, os meus donos também a sentem mas são humanos e não são egoístas. Sabem que um ser daqueles precisa de alguém que o proteja, que ele só, acabará morto.

Eu nunca tinha convivido com gatos, aprendi com o Picasso que os gatos eram inimigos mas, aos poucos, os meus donos ensinaram-me que se dermos oportunidade os inimigos podem ser, futuramente, os nossos melhores amigos.

Passado quase um mês nós, eu e os gatinhos, convivemos muito bem, eles adoram brincar com o meu rabo e passarem o deles pelo meu nariz. Se foi fácil? Foi, no segundo dia eu já lhes cheirava o rabo e eles passavam à frente do meu focinho. 
Em casa muita coisa mudou, não há sossego e os sofás viraram afiadores de unhas mas, estamos felizes todos juntos e eu se estou muito tempo na rua, fico com saudades. Adoro observar quando eles estão a brincar e tento entrar na brincadeira apesar de não saber brincar à gato. 
Estes amigos tiveram sorte mas....Quantos há que morrem quando são deixados sozinhos, ao sabor do destino?
Haverá desculpa para o abandono? 

 A Diana e o Gatuzo (da esquerda para a direita)
 A Princesa  (a última a confiar em nós e a mais pequenina)
  
 Os três manos


As duas meninas
O Gatuzo (o macho, o maior)

Eu a observar, admirado, a traquinice do trio (lembrem-se que eu nunca tinha visto gatos na minha casa, menos ainda convivido com eles).

Espero que tenham gostado dos novos inquilinos da quinta e que, sejam HUMANOS, não arranjem desculpa para abandonarem. 

Um dia, os meus donos vão conseguir ter a máquina fotográfica à mão quando nós dermos um beijinho, sim já houve beijinhos, troca de comida, de água e de cama.

Olhando aqueles olhinhos conseguem adivinhar qual deles é o mais vivo, o mais perspicaz e o mais inteligente e o mais terno ?

Brown Maria 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Uma Amiga Pintora


Arbor, uma cadela com dois Anos, vivia nas ruas de Las Vegas quando foi levada para um canil e mais tarde foi  adoptada por Bryce e Jennifer Henderson.
Este casal detectou a sua inteligência e começou por lhe ensinar a segurar o pincel com a boca e a controlar a distância do quadro, hoje ela leva quinze minutos a pintar um quadro e só pinta um por mês. Ela já foi a vários programas de televisão e os seus quadros são vendidos no Ebay, revertendo o produto da venda para uma instituição de animais abandonados na Califórnia. 
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Esta imagem mostra que a beleza e a grandeza podem ter a simplicidade de um olhar animal e que a solidariedade é uma realidade, quando o homem quiser perder um minuto a olhar para o que realmente tem valor, a vida. 
Brown Maria